Quando o corpo transmite o que a linguagem não diz

04-02-2018

O que acontece quando existe um pensamento recorrente mas que não pode ser sentido ou dito aos pais?

Os pensamentos e sentimentos que as crianças têm por vezes não são ditos por palavras. Ficam guardados seja por dificuldade de os exprimir, seja por medo ou pela angústia que causam. Quando são pensamentos dolorosos que não são transmitidos para fora ficam a fazer feridas dentro do corpo. Às vezes são feridas tão grandes que quase já nem se sabem de onde vêm, a não ser com a ajuda de um especialista.

Estas feridas que ficam por dentro podem ser uma dor de cabeça persistente, uma dor de barriga que insiste em aparecer particularmente em alguns momentos, uma falta de apetite ou uma vontade voraz de comer, problemas na pele, asma, problemas de sono que não é tranquilizador e reparador, entre outras manifestações das emoções através do corpo. Muitas vezes estas manifestações são reflexo dos conflitos internos que não passaram para a palavra, não sendo causados por factores biológicos.

Nalguns casos este adoecer pode ser a única forma que a criança tem para sentir a valorização, cuidado e atenção de que precisa, sentindo-se especial. Deste modo, para algumas crianças passa a ser uma forma de funcionamento, devendo as famílias estarem atentas para que o amor, cuidado e atenção sejam transversais a todas as formas de interacção. Outras vezes são manifestações das emoções que estão reprimidas na família mas que a criança sente e não sabe bem explicar ou sente que não pode ser falado.

É por isso importante que os acontecimentos que sejam tristes, dolorosos, complicados e/ou angustiantes sejam conversados pois são sentidos pelas crianças. Ao fluírem naturalmente por meio verbal, retira-se o camuflado que penumbra na família, não dando aso a divagações fantasiosas e imaginárias que são na maioria das vezes ainda mais perturbadoras do que a realidade.

Concluindo, as crianças são muito sensitivas e aprendem a conversar sobre as emoções e acontecimentos com os adultos. Neste sentido, torna-se essencial para uma boa gestão emocional que os conflitos e acontecimentos tenham a possibilidade de ser conversados e acolhidos. A partir do momento em que passem a palavra, deixam de ter necessidade de ser transmitidos pelo corpo pois há uma comunicação mais elaborada potenciadora de relações mais harmoniosas e saudáveis.

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