O amor entre pais e filhos

No dia-a-dia acelerado, nem sempre os pais conseguem chegar aos filhos da forma como gostariam. Não é fácil conciliar todos os papéis que desempenham a nível pessoal, conjugal, parental e profissional. Por vezes, é apressadamente que os preparam de manhã e os deitam à noite. Contudo, costumo dizer que mais do que a quantidade de tempo, é a qualidade do tempo que passa com os seus filhos. É o olhar com olhos de ver e o sentir com coração aberto para sentir.
Cada criança e adolescente tem um infindável mundo interior além do seu comportamento exterior. É por isso importante que os pais estejam disponíveis para acolher, compreender e auxiliar no descodificar de emoções, no deslindar de opiniões, na descoberta e correspondência entre necessidades. É assim que se criam verdadeiras relações no "ser" além do "estar", é amar pelo que são e não pelo que fazem porque o que fazem é extremamente variável. De facto, muitas crianças e adolescentes não se sentem amados pelos pais e tal não significa que não o sejam. Em consulta verificam-se estes sentires através de sintomas, seja a ansiedade de ir para a escola, a inveja do irmão, as birras constantes como forma de marcar presença ou o retroceder a formas de comportamento infantil.
Na maioria das vezes, sentem que o amor que os pais lhes transmitem é condicional. Ou seja, apenas sentem o amor e atenção dos pais quando correspondem ao comportamento e desejos que os pais têm para eles. Como psicóloga costumo dizer muitas vezes que esta percepção é construída quando os pais em vez de repreenderem o comportamento, repreendem a criança "És sempre a mesma coisa", "Nunca fazes as coisas bem". Tal, além de afectar naturalmente o sentimento de auto-eficácia e auto-estima, afecta também o amor que sentem que os pais lhes têm.
Concluindo, é importante que os pais tomem consciência e optem por dizer frases como "Não gostei quando tiraste o brinquedo ao teu irmão, ele ficou muito triste." Deste modo, a criança compreende que naquele comportamento não esteve bem mas que isso não a define enquanto pessoa e que os pais mantêm o amor que sentem por ela. Assim, podem construir-se relações mais abertas, seguras e felizes, potencializando um desenvolvimento mais saudável.