Birras como uma forma de comunicação

Uma das maiores preocupações que os pais apresentam em consulta são as birras. As birras envergonham e preocupam os pais, aguçam o seu sentimento de medo de terem feito algo de mal na educação dos filhos. Contudo, a agressividade em bebés é um apelo que não deve ser negado, em crianças é um clamar à presença dos pais e na adolescência é simbolismo da independência e individualização em relação aos pais.
Podemos então pensar que a agressividade faz parte da condição humana e desempenha um papel muito importante ao longo do desenvolvimento. É uma pulsão de vida. Fornece a energia e a motivação necessária para alcançar o que se pretende, desde que em limites controlados. E é aí que os pais podem e devem ajudar. A educação não deve pois anular a agressividade, deve sim canalizá-la ao serviço de expressar os seus sentimentos e mobilizar energia para atingir objetivos positivos para si e para os outros.
É por isso importante que os pais não se anulem a eles enquanto pais. Nem tudo aquilo que a criança quer se lhe deve dar. Não tenham medo de enquanto pais os frustrar pois tal significa que são pais presentes e verdadeiramente preocupados. Para a criança, tanto os limites como o amor são essenciais para um desenvolvimento sadio.
Claro que quando os pais frustram a criança, é normal que a sua reacção seja uma birra. Os pais passam a ser um obstáculo entre o que elas desejam e o que têm. Ao frustrar sentem-se muitas vezes responsáveis e perdidos pela reacção do filho e no meio de tanta informação sobre educação.
É aqui que muitos pais desamparados e com medo recorrem à consulta com o psicólogo, procurando a sua ajuda. Este aconselha os pais e ajuda as crianças a dar um nome aos seus sentimentos e a compreender as suas angústias e conflitos internos. Acolhe e ajuda à reconstituição de um equilíbrio para a criança e toda a família.
